Espalhaffatto na Cidade

Quando a violência fala mais alto

Quem me conhece bem já percebeu que estou falando muito menos sobre violência do que seria o normal. E quem conhece minha trajetória profissional deve estar intrigado por isso. Desde que assumi de vez meu lado empresária e deixei pra trás a loucura das redações tento também largar um pouco de mão essa coisa do mundo cão. Mas existem situações na cidade onde não podemos nos calar. Tenho 45 anos. Posso dizer que sou do tempo em que jornalista era respeitado até pela bandidagem, que nos deixava trabalhar na santa paz do Senhor - Isso foi bem antes do Tim Lopes ser executado fazendo matéria numa "comunidade carente". Aprendi com o meu primeiro chefe de reportagem que bandido é bandido, polícia é polícia e jornalista é jornalista (com ou sem diploma). É por isso que - embora tenha bastante conhecimento dessa coisa chamada violência urbana ainda me surpreendo quando encontro notícias como a execução de um funcinário público, morto enquanto trabalhava porque foi "confundido" pela bandidagem com um ëstuprador". Pior do que isso é saber que os demais servidores estão sendo ameaçados e impedidos de trabalhar. Enquanto isso nossa "otoridade mayor" continua descansando da labuta que é governar o Estado.